Na casa dele escreve-se nas paredes, há cheiro a lavanda e diz-se o quanto as pessoas estão bonitas. No entretanto há uma gata que nos recebe, um tigre que nos olha de assalto e dias de chuva que tendem a ser felizes. Na casa dele há um beijo logo à entrada, outro perdido pelo corredor e um lugar sempre livre num sofá desajeitado. Existe sempre uma luz como se existisse sempre vida. Na casa dele aquecem-se as mãos depois de aquecer a alma, esquecem-se janelas abertas para inundar o mundo de amor e nunca se viu um relógio por respeito e analogia à liberdade. Adoça-se o tempo com o doce que ficou no congelador, sabendo agora mais a despedida do que às boas-vindas que para ali o levou. Na casa dele os sinais no corpo tornam-se constelações de estrelas, o lugar da roupa é no chão, o silêncio é uma partilha e chuta-se a vergonha a pontapé mesmo que ela insista em se manter à porta assistindo ao desmoronar de muros. Talvez só ela tenha visto, uma pena. Na casa dele às vezes também faz frio sem muito agasalho que se possa pegar, e as viagens... essas são curtas, que de tão intensas não são feitas para pessoas-de-ficar.
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