29.12.16

«Não tem que ser sempre à primeira vista.»



«Não tem que ser sempre à primeira vista.» - disse ela. E, de facto, não. Arrisco até em dizer que deveria ser sempre à segunda. Deveríamos gostar, deixar de gostar, e volta a gostar de uma pessoa – se assim valesse a pena. O amor de primeira cega. Vemos sempre mais do que realmente é, criamos pedestais demasiado cedo, não vemos os defeitos – como saber lidar depois com eles? É no intervalo entre um gostar e o outro que nos distanciamos e percebemos o que realmente ali nos atrai, o que nos afasta… É onde percebemos se aquele sentido de humor continua a ser inteligente, se o levantar da sobrancelha ainda tem o seu jeito atrevido, ou se aquele sorriso continua a ser sincero como da primeira vez. Mas é também quando vemos a intolerância que já não gostamos tanto, a impaciência que não tinha que ser tão impaciente assim, a ligeira imaturidade que estava outrora escondida ou que simplesmente não quisemos ver. Aí fazer-se-ia o balanço. Deixávamos aquele olhar toldado pelo ansiedade de um amor de primeira e íamos com tudo, por saber um pouco melhor, um pouco mais real, sobre o que nos espera. O amor de segunda deveria viver uma vida inteira, e deixávamos o de primeira para os mais loucos, os mais arrojados e que afirmam, ingénuos, serem os mais felizes.

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