Quando
a noite se tornava difícil, e o teu número já não era uma opção, eram eles quem
atendiam as minhas chamadas. E naqueles dias em que o sorriso teimava em não
aparecer, eram eles que não exigiam alegria mas que me queriam ainda assim. De
qualquer jeito. De qualquer humor. Naquelas horas chatas e absurdas em que só
me apetecia falar de ti, vezes e vezes sem conta, eram eles que se faziam de
surdos e me deixavam falar como se fosse sempre a primeira vez. Eram eles que
apareciam de surpresa de take away na mão, de todas as vezes que te esqueceste
de me convidar para jantar. Eram eles que me arrastavam até à pista de dança,
de todas as vezes em que não me levaste a dançar. Quando me olhava no espelho e
já não via beleza alguma, eram eles que me lembravam o quanto de mim estavas a
perder. E quando no pico da raiva te odiava, eles tinham sempre os melhores
insultos sem nunca rejeitar a ideia de voltares para mim. De todas as
incertezas que me davas eles tiravam o prefixo. De todos os medos e fraquezas
que me impunhas, eles pegavam e trocavam por coragem. Na tua ausência eles eram
presença incondicional. E tudo isto acontecia estivessem eles num bom ou num
mau dia, com a paciência que nunca tiveste para mim. A amizade é isto, sabes?
Na alegria e na tristeza até um amor (que dizes) maior os separar. Onde estavas
tu com a cabeça quando deles me tentaste afastar? E onde estava a cabeça de
todos aqueles que se deixaram levar?
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